A dependência química é uma doença crônica e multifatorial, isso significa que diversos fatores contribuem para o seu desenvolvimento, incluindo a quantidade e frequência de uso da substância, a condição de saúde do indivíduo e fatores genéticos, psicossociais e ambientais.
Muitos estudos buscam identificar características que predispõe um indivíduo a um maior risco de desenvolver abuso ou dependência. Em relação ao álcool, por exemplo, estima-se que os fatores genéticos expliquem cerca de 50% das vulnerabilidades que levam o indivíduo a fazer uso pesado de álcool – principalmente genes que estariam envolvidos no metabolismo do álcool e/ou na sensibilidade aos efeitos dessa substância, sendo que filhos de alcoolistas possuem quatro vezes mais riscos de desenvolverem alcoolismo, mesmo se forem criados por indivíduos não-alcoolistas. Além disso, fatores individuais e aspectos do beber fazem com que mulheres, jovens e idosos sejam mais vulneráveis aos efeitos das bebidas alcoólicas, o que o colocam em maior risco de desenvolvimento de problemas.
Fatores de risco
Determinadas características ou situações podem aumentar ou diminuir a probabilidade de surgimento e/ou agravamento de problemas com o álcool e outras drogas. Essas situações são conhecidas como fatores de risco e proteção.
No entanto, os fatores de risco não são necessariamente iguais a todos os indivíduos e podem variar conforme a personalidade, a fase do desenvolvimento e o ambiente em que estão inseridos. Entre eles, pode-se destacar:
Os critérios do “Manual Estatístico e Mental de Transtornos Mentais” (4ª edição; DSM-IV), da Associação Americana de Psiquiatria, e “Classificação Internacional de Doenças” (10ª edição; CID-10), da Organização Mundial da Saúde (OMS) são os mais comumente empregados para o diagnóstico dos transtornos relacionados ao uso de substâncias.
Variados questionários de autopreenchimento (tais como ASSIST, CAGE, AUDIT) e testes sanguíneos também têm sido empregados, em contexto clínico, com tais fins, mas não podem ser considerados como substitutos de uma cuidadosa entrevista clínica. Existem ainda alguns exames (marcadores biológicos) que são indicadores fisiológicos da exposição ou ingestão de drogas, e podem auxiliar no diagnóstico e no tratamento.
No caso do álcool, por exemplo, é possível citar a alanina amino transferase (ALT), volume corpuscular médio (VCM) e o gama-glutamiltransferase (GGT). É importante também realizar um exame físico e atentar-se a sinais e sintomas que podem auxiliar na identificação do problema, como por exemplo sintomas de abstinência, hipertensão leve e flutuante, infecções de repetição, arritmias cardíacas não explicadas, cirrose, hepatite sem causa definida, pancreatite, entre outras.
Quando o paciente é diagnosticado, é importante que além do tratamento para a dependência química, o indivíduo também tenha acompanhamento clínico para garantir a melhora de sua saúde como um todo.
O tratamento da dependência química vai depender de como está a situação de cada pessoa, considerando suas características pessoais, sua condição física e a própria condição de dependência que apresenta, principalmente analisando os problemas de ordem emocional e interpessoal, decorrentes do uso de drogas.
O dependente deve passar por uma avaliação com diversos profissionais de saúde, ou seja, médicos clínicos, psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, educadores físicos, enfermeiros, assistentes sociais, precisando contar com acompanhamento a médio e longo prazo, assegurando que possa ter o tratamento adequado, que é variável para cada pessoa.
É importante destacar que a dependência química atrapalha não só a vida do dependente, mas de todos com quem ele convive. Em virtude de se tratar de problema complexo, é necessário que o programa de tratamento seja multidisciplinar, atendendo a todas as necessidades do paciente, verificando seus aspectos psicológicos, profissionais, sociais e mesmo jurídicos.
Para se livrar da dependência química, o dependente terá de fazer uma mudança radical em seu comportamento e no seu estilo de vida, deixando de frequentar locais e situações que possam associá-lo novamente ao uso de drogas, buscando outras formas de lazer, outros relacionamentos, outro meio social, retomando uma vida dentro de padrões que podem tornar complicado o processo de recuperação. Os processos de recuperação são mais difíceis, principalmente para usuários de drogas mais pesadas, como usuário de cocaína e de crack.